O RIO DE RUI
Para que fique claro desde o princípio, não sou do quadrante político laranja.
Porém, enquanto português e portuense de adopção – deve-se amar sempre a cidade que nos acolhe, até porque merece – pude observar com redobrada atenção, as eleições internas do PSD, curiosamente disputadas por dois portuenses, e notar os mimos com que um concorrente mais do que outro, atirou para o ar, resfolegando quilómetros, saltitando da Europa para o país e, agora, com o esgar de um sorriso, jurar fidelidade, adesão completa e mais não sei o quê, enquanto volta a fazer as malas para o regresso a Bruxelas. É o que vale ter sempre um tacho à sua espera.
Fecha-se, espero, assim, um capítulo que ocupou os jornais e noticiários, com um remate que o reeleito líder do partido proferiu na sua já proverbial maneira de falar e dizer: “...isto de dizer muito bem, mal do adversário...”
E se aparelho existiu, apoiando o candidato, o mesmo não apenas naufragou, como veio relembrar-nos que afinal o povo é quem mais ordena, despejando para o lixo da história não apenas Paulo Rangel, depois de Luís Montenegro, como enterrou, espera-se, o Cavaquismo e o Passismo.
Parece estarmos habituados, pelas apostas que indiciavam outro resultado, que só ganha quem fala mais alto, tem a voz mais aguda e percorre o país e as ilhas. Vivemos uma cultura onde a sobriedade parece não ser aconselhável perante o espectáculo a que nos vão habituando.
E o rio desta história veio mostrar que corre no sentido do Rui, que é forçoso reconhecer como um homem do Porto, um homem do Norte, sóbrio, bem-humorado, com maturidade, e que gosta de ser picado. E com estas constatações fica encerrado o espectáculo, esperando-se que muitos actores-aparelhados repensem o que as “bases” disseram, para não manchar as mesas com os copos desprotegidos.
Adiante, rocinante.
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