O CARAMANCHÃO DE CEDOFEITA

Vera Dantas escreveu que “a lenda que o rei suevo Teodomiro (Theodomir, em latim), em desespero para salvar o seu filho da doença, terá feito uma promessa a São Martinho de Tours, enviando embaixadores com ouro e prata em peso igual ao do seu filho. No regresso, um bispo de Braga trouxe uma relíquia do santo francês que, quando mostrada ao filho do rei, o curou. Como agradecimento, Teodomiro terá convertido todo o povo suevo ao catolicismo e mandado construir uma nova igreja em honra do santo, no ano de 559.” 

 Fotografia de Francisco Restivo
Igreja de S. Martinho de Cedofeita

Fotografia de Vera Dantas
Inscrição no Tímpano da Igreja

Sucede que, no Largo do Priorado, está a a dita igreja, dedicada a S.Martinho, ao estilo Românico, que é Património Nacional, e foi construída em 1087. 
Fica atestada a antiguidade do lugar e desta igreja, anterior à fundação de Portugal.

Fotografia de Vera Dantas

Não sei quando mandaram construir à sua frente, a uma vintena de metros, um caramanchão em granito, coisa certamente antiga, que Vera Dantas refere de passagem, como um "frondoso caramanchão coberto de glicínias que perfumam o ar" e de que se vê na fotografia, em contra-luz, uma das colunas e, de facto, folhagem verdejante.

Das vezes que por lá passei, e foram algumas, olhando não apenas o caramanchão, mas o enorme tronco que, como uma gibóia, se estende por toda a parte superior, dei comigo a pensar quão antiga deveria ser a planta que por aí trepou, porque entretanto se transformou em madeira, troncos grossos e fortes onde deveria haver uma qualquer trepadeira para cobrir o lugar do sol. 

fotografia de António Conceição Júnior

Primeira vista do caramanchão. A folhagem e arvoredo não lhe pertencem. Do lado esquerdo vê-se uma nesga da Igreja de S. Martinho de Cedofeita.

fotografia de António Conceição Júnior

Vista do início do caramanchão e do enorme tronco daquilo que foi, certa vez, ramagem de glicínias ou outra planta.
O curioso é que a fotografia de Vera Dantas mostra de facto outra realidade. Como explicar? Não é por ser inverno. Sempre a vi assim.

fotografia de António Conceição Júnior

Esta outra fotografia mostra o enormíssimo tronco daquilo que foi certamente uma planta, glicínias ou não, e agora é madeira rija. Pouco sei de botânica, porém apenas posso concluír que, pelo estado, a "trepadeira" deve ser antiquíssima, como as colunas e o murete de granito parecem atestar.
Curiosidades de um lugar histórico, dos muitos que povoam a velha e mui nobre Cidade do Porto. 


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