CIRCUNSTANCIALMENTE


“A circunstância define-se como a particularidade ou condição que rodeia uma determinada situação”.


Esta definição é característica da nossa topia que, mais, ou menos, nos amarra e escraviza, considerando a cultura em que vivemos, e os interesses que – em função dela – alimentamos. Por isso sempre tenho dito que sou a minha circunstância.

Estamos recém-saídos do Ano dito Novo, esse modo temporal que representa a opção do lugar pela órbita terrestre em torno da nossa estrela, em alternativa à adopção do contínuo que é o Tempo ou o binómio Espaço Temporal.

A circunstância traz à memória a impermanência como regra – que também buda ensinou – que tanto vale para este nosso lugar como para o espaço que chamamos de Universo. Apenas este Espaço conjugado com o Tempo, nos transcende por inteiro.

Cegamos quando aproximamos demasiadamente o olhar do escrito. Cegamos porque deixamos de ver para pensar que vemos. A isto se chama ilusão ou, também, o princípio da ignorância.

Impõe-se que busquemos existir para além do lugar que habitamos, lugar que é, necessariamente, país, cultura, língua, isto é, a nossa circunstância.

É preciso que razão e inteligibilidade, enquanto logos, abrace o global e, à maneira de Luís Vaz, nos leve a que o mundo todo abarquemos, para que este tempo de imediatismo do global nos encontre em consonância de conhecimento com as lonjuras relativas do nosso globo.

Ainda estamos na infância da humanidade. No entanto já lográmos destruir muito do planeta que habitamos, o nosso lar. 

A cobiça, a ganância, o delírio conducente à loucura que o poder dá, a que se lhe junta a disfunção da visão mental caracterizada por uma construção da realidade em função da projecção do desejo.

É assim que o mundo assistiu às guerras mundiais, à emergência de todos os totalitarismos, muitos deles mascarados de democracias, como é o caso agora mais candente do Trumpismo e do tribalismo emergente, como os membros dos Proud Boys e do QAnon que merecem atenção.


Enrique Tarrio, líder dos Proud Boys


Jake Angeli do QAnon numa estranha metáfora tribal


A Polis, por todo o mundo, requer uma renovação dos políticos, onde a verdade seja o resultado da transparência que se deseja, porque é isso que os povos almejam. 

Por isso, a febril catrefa de mentiras que Donald Trump criou, a acrescentar aos vícios todos que fez desfilar, deve alertar-nos, tanto quanto o terrível estado da Venezuela de Maduro, para encontrarmos o equilíbrio possível para o nosso presente e futuro, na certeza que não existe um sentido histórico de futuro com políticas imediatistas ou de curto prazo.

A humanidade merece muito melhor. 

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